Como ensinar as quatro operações com objetos do cotidiano

Ensinar matemática de forma significativa é um desafio constante para professores da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Muitas crianças têm dificuldade em compreender os conceitos abstratos da disciplina, principalmente quando se trata das quatro operações — adição, subtração, multiplicação e divisão. No entanto, quando o ensino é mediado por objetos do cotidiano, a aprendizagem se torna mais concreta, divertida e próxima da realidade do aluno.

Abaco utilizado no ensino de matemática Foto: Imagem de Pexels / Pixabay

Neste artigo, você aprenderá como ensinar as quatro operações utilizando objetos simples que as crianças veem e tocam todos os dias. São ideias práticas para transformar o ensino de matemática em uma experiência lúdica, sensorial e prazerosa — o que contribui diretamente para o desenvolvimento do raciocínio lógico e para o aprendizado significativo.

Dica do Blog: Combine estas propostas com as atividades lúdicas para desenvolver o raciocínio lógico e veja o quanto seus alunos podem evoluir em concentração e resolução de problemas!

Por que usar objetos do cotidiano para ensinar matemática?

O uso de objetos reais no ensino das quatro operações torna o processo mais tangível e reduz a distância entre o que é aprendido e o que é vivido fora da escola. Quando o aluno manipula tampinhas, brinquedos, frutas ou notas de papel, ele está não apenas “fazendo contas”, mas **entendendo o sentido das operações matemáticas**.

  • Facilita a compreensão: o aluno visualiza o processo matemático de forma concreta.
  • Estimula o raciocínio lógico: objetos reais favorecem comparações e inferências.
  • Promove o aprendizado ativo: o estudante participa, experimenta, testa e descobre.
  • Desperta o interesse: o ambiente se torna mais envolvente e significativo.

Como ensinar cada operação usando objetos do dia a dia

1. Adição: somar é juntar

A adição pode ser apresentada como o ato de “juntar” elementos. Use objetos como tampinhas, botões, lápis ou frutas. Por exemplo:

“Se tenho 2 maçãs e ganho mais 3, quantas maçãs tenho agora?” — o aluno pode pegar cinco frutas e verificar a soma fisicamente.

Outras ideias práticas:

  • Usar tampinhas coloridas para representar diferentes valores (1 azul = 1 unidade, 1 vermelha = 10 unidades).
  • Montar um mercadinho de brinquedo para somar os valores dos produtos comprados.
  • Trabalhar adição com notas e moedas de brinquedo.

2. Subtração: tirar é descobrir o que sobra

A subtração pode ser introduzida como o processo de “tirar” ou “separar” objetos. Use brinquedos, palitos ou até bolachas. Exemplo:

“Tínhamos 8 biscoitos e comemos 3. Quantos restaram?” — o aluno retira os objetos e conta o restante.

  • Utilize copinhos com tampinhas para representar quantidades e retirar partes.
  • Monte jogos de “rouba” com cartas ou tampas — o aluno precisa calcular quantas sobraram.
  • Simule situações do dia a dia, como dividir doces entre amigos e descobrir o que sobra.

3. Multiplicação: contar grupos iguais

A multiplicação pode ser apresentada como uma soma repetida. Use objetos agrupáveis: tampinhas, pregadores, lápis, feijões, blocos de montar.

Exemplo prático:

“Tenho 3 saquinhos com 4 balas em cada um. Quantas balas há no total?” — o aluno conta e entende o conceito de 3 x 4 = 12.

Outras sugestões:

  • Usar formas de gelo para representar grupos de unidades.
  • Organizar fileiras de objetos (ex: carrinhos ou bonecos) e pedir para contar quantos há em cada linha e no total.
  • Utilizar blocos de construção para montar torres com mesma quantidade de peças.

Outra proposta interessante é combinar este trabalho com as atividades artísticas que estimulam a coordenação motora fina. Assim, além de aprender matemática, os alunos desenvolvem habilidades manuais e atenção concentrada.

4. Divisão: compartilhar e repartir

A divisão é naturalmente compreendida pelas crianças quando se fala em “dividir igualmente”. Essa operação pode ser vivenciada com alimentos, brinquedos ou blocos.

Exemplo simples:

“Temos 12 balas para 4 crianças. Quantas balas cada uma vai receber?” — os alunos distribuem fisicamente os objetos.

  • Use pratos de brinquedo e “sirva” partes iguais de tampinhas ou balas.
  • Monte situações de partilha (dividir figurinhas, lápis, brinquedos).
  • Brinque de “resto da divisão” com sobras de balas ou blocos.

Integração das quatro operações em um único jogo

Depois de compreender cada operação isoladamente, é possível propor atividades integradas. Crie, por exemplo, um jogo de tabuleiro matemático, onde cada casa representa um desafio: somar, subtrair, multiplicar ou dividir utilizando objetos reais. Essa abordagem ajuda o aluno a compreender as relações entre as operações e a aplicar o raciocínio lógico de forma dinâmica.

Estratégias complementares para reforçar o aprendizado

1. Contextualização

Oficina de matemática brincando de fazer compra no supermercado.
Oficina de matemática brincando de fazer compra no supermercado. - Foto original – Autoria própria / Professora Samanta

Use situações reais: compras, receitas, brincadeiras. Quando o aluno entende que a matemática serve para resolver problemas do cotidiano, a aprendizagem ganha propósito.

2. Aprendizagem cooperativa

Monte duplas ou trios para realizar desafios com objetos. A troca entre pares favorece a reflexão e estimula o diálogo matemático.

3. Variedade de materiais

Explore materiais recicláveis, naturais e escolares: tampinhas, pedras, folhas, palitos, pregadores. Quanto mais diversidade, mais estímulos sensoriais e cognitivos.

4. Avaliação contínua e observação

Observe como cada aluno raciocina e reage às propostas. As dificuldades práticas revelam muito sobre a compreensão conceitual, permitindo intervenções mais assertivas.

Quer complementar esta atividade com um projeto temático? Veja também as 4 propostas de atividades para a Primavera na Educação Infantil e inspire-se para integrar matemática, natureza e arte!

Benefícios pedagógicos do ensino com objetos concretos

  • Maior engajamento: as crianças participam ativamente e se divertem aprendendo.
  • Aprendizagem significativa: o conhecimento é construído a partir da experiência.
  • Melhoria na coordenação motora e atenção: manipular objetos exige foco e precisão.
  • Autonomia e confiança: os alunos passam a compreender que conseguem resolver problemas por conta própria.

Conclusão

Ensinar as quatro operações com objetos do cotidiano é uma estratégia poderosa que transforma o modo como as crianças percebem a matemática. Ao tornar o aprendizado concreto, o professor desperta curiosidade, desenvolve o raciocínio lógico e cria vínculos afetivos com o conteúdo.

Com criatividade e sensibilidade, qualquer ambiente pode se tornar uma sala de aula de matemática — a cozinha, o pátio, o quintal ou até a própria casa. E é nesse contexto que o ensino ganha vida e faz sentido.


Perguntas frequentes

Como introduzir as quatro operações na Educação Infantil?

O ideal é começar com experiências concretas: contar, juntar, separar e dividir objetos. Evite números abstratos no início e priorize atividades práticas com materiais reais.

Quais objetos do cotidiano são mais indicados?

Tampinhas, botões, palitos, frutas, blocos, brinquedos pequenos e moedas de brinquedo são ótimos materiais. São fáceis de manipular e seguros para crianças.

Como avaliar o aprendizado com objetos concretos?

Observe o raciocínio das crianças durante as atividades, a forma como explicam seus processos e se conseguem relacionar o concreto ao simbólico (números e sinais).

Essas estratégias funcionam no Ensino Fundamental?

Sim. No Ensino Fundamental, o uso de objetos ainda é eficaz para revisar conceitos e desenvolver o pensamento lógico, especialmente nas séries iniciais.

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